sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pinguins revolucionários?


Com um IDH elevado, um índice de alfabetização de 96% e a segunda maior renda per capita da América Latina, o Chile, governado pela direita, é democrático e a qualidade dos serviços públicos, comparados aos dos outros países do continente, são de qualidade. Mesmo assim, a população chilena não se mostra acomodada e a sociedade cada vez mais se faz participativa no processo de desenvolvimento democrático. Um exemplo disso é a revolução dos pingüins, movimento de estudantes secundaristas que aconteceu em 2006 e virou documentário de Jaime Diaz Lavanchy. A revolução dos pingüins (La revolución de los pinguinos) aborda a história do movimento estudantil no Chile, em busca por melhorias no sistema educacional do país, que se encontrava abalado por causa do processo de estabilização da democracia após a ditadura de Augusto Pinochet e a posse de Michelle Bachelet.

Do ponto de vista técnico, o filme possui alguns problemas na qualidade do áudio, na iluminação e na edição. A realidade de um movimento estudantil é mostrada com riqueza de informações, mas as fontes são limitadas e a intenção de retratar os fatos apenas da ótica dos próprios estudantes, nos faz questionar: se a intenção era mostrar o movimento internamente, fontes como autoridades, policiais e até mesmo os pais desses estudantes também não eram personagens no movimento? Por que não foram ouvidas? Com a tentativa de influenciar a opinião do espectador, a obra acaba criando dúvidas em relação às intenções dos estudantes nas cabeças dos mais críticos.
Quando os pingüins saem para protestar e a polícia os reprime com violência, a presidente Bachelet despede o comandante em reação aos atos contra os estudantes. Este é um fato que foi escondido pelo documentário, dando a impressão de que o governo era totalmente contrário ao movimento. Dessa maneira, “la revolución de los pinguinos”, um dos acontecimentos mais importantes na história do Chile, é retratada através de uma tentativa amadora e anti-direitista de nos colocar em oposição a um governo que não impede a liberdade de imprensa, de expressão e que com erros e acertos, coloca o Chile como um dos países mais prósperos da América Latina.

0 comentários:

Postar um comentário